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O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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Já bem mais tarde, nas composições que só se aproveitariam na terceira edição das “Trovas”, Gama volverá á carga. O perpassar dos anos não diminuira a zanga contra a sua vincadissima antipatia. Na “Epistola Familiar”, publicada no “Cabrião” de 16 de dezembro de 1866, a saia balão ainda leva uma boa cóça:

«Sem postiço, a magicela
dá seus ares de gazela,
de raposa ou velha gata.
Mas, vestida, ó que fragata!
Tem postigos, portinholas,
suspensorios, sugigolas,
ferros, mastros, cordoalhas,
encrespadas maravalhas,
bordas falsas, cabrestantes,
sondas, boias e oitantes,
bujarronas, vela grande,
em que o vento audaz se espande;
chaminé, carvão e gas,
breu, azeite e agua-ras;
por botinas, duas lanchas.
as dois pés servem de pranchas;
lenha, estopa, o alcatrão...
tudo embaixo do balão.»

Os velhos e as velhas tambem tiveram no livro o seu quinhão de lancetadas. E tambem os maridos bigodeados, os “coitadinhos”, como ele, em fingida e pungente piedade, os apelidou. Não podiam escapar. Dês que o mundo é mundo, foram eles pelourinho da zombaria de

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